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História dos Batistas Capixabas

AS TRÊS PRIMEIRAS IGREJAS DO ESTADO


Ocorriam muitas conversões e muitos batismos em terras capixabas, porém durante muitos anos não foi organizada nenhuma congregação ou igreja. Até que finalmente, chegou da Bahia o missionário Zacarias Taylor e aqui se juntou ao missionário Alberto Lafayette Dunstan, que veio de Campos –  RJ. Foram ao encontro do irmão Chiquinho no interior. Em 1903, chegaram em Afonso Cláudio, examinaram e consagraram Chiquinho ao Pastorado. No dia 21 de agosto de 1903, Francisco José da Silva tornou-se o primeiro pastor consagrado no Estado do Espírito Santo e assumiu as três  primeiras igrejas batistas capixabas: Ribeirão do Firme, Figueira de Santa Joana (hoje, Itarana) e Vitória, esta com apenas 14 membros.


A primeira Igreja Batista organizada em solo capixaba foi, em 21 de agosto de 1903, no município de Afonso Cláudio, na localidade de Ribeirão do Firme. Os missionários Zacarias C. Taylor e A. L. Dunstan, após consagrarem Francisco Silva ao ministério e procederem a um concílio, organizaram, com 60 pessoas, aquela que, hoje, é a Primeira Igreja Batista em Alto Firme. A segunda igreja organizada pelos missionários Taylor e Dunstan, juntamente com o Pr. Chiquinho, foi em Figueira de Santa Joana, hoje Itarana, em 24 de agosto. A terceira igreja organizada naquele memorável ano foi a Primeira Igreja Batista de Vitória, no dia 2 de setembro de 1903, com 14 pessoas, que se reuniram numa casa caiada de branco, chão batido e telhado de zinco, na localidade denominada Morro de Argolas. Os batistas encerram o ano de 1903, com três igrejas organizadas, 91 membros, e um pastor.

NASCE A MISSÃO BATISTA VICTORIENSE


No ano seguinte, no dia 06 de outubro de 1904, acompanhado de sua esposa, Alice Wymer Reno, e da pequena Margarida, chega ao Estado o missionário americano Loren Marion Reno.Ele assumiu o pastorado das três primeiras igrejas e o Pr. Francisco, agora sob a liderança de Loren Reno, foi liberado, cabendo-lhe as responsabilidades missionárias de vasta área, abrangendo o interior do nosso Estado e parte de Minas Gerais.

Nessa época, o campo capixaba, que abrangia todo o Estado e parte do Leste de Minas Gerais, ainda estava sob a liderança da Missão Batista da Bahia, a qual Loren ficou subordinado. Porém, Loren Reno, homem de grande visão e capacidade, ajudou a consolidar o trabalho batista no Espírito Santo. Firmou os pés no Estado e, no ano seguinte após sua chegada, em 1 9 0 5 , criou a Missão Victoriense, desvinculando todo trabalho batista capixaba da Missão da Bahia. A partir daí, Loren começou a treinar novos evangelistas, enviava-os aos campos e cobrava deles um relatório. A Missão Victoriense passou a sustentar esses evangelistas, inclusive o Pr. Francisco da Silva. Era o trabalho batistas capixaba ganhando forma de organização.

Em 1907 a então Missão Victoriense se transformava em Convenção BatistaVictoriense. Com a expansão do campo batista para todo o Estado, passou a ser Convenção Batista Espiritossantense. No início da década de 50, eclodiu um problema de ordem eclesiológica e administrativa, dividindo a Convenção ao meio, ficando de um lado o grupo remanescente da Convenção Espiritossantense e de outro, o grupo que se organizou como Sociedade Batista Missionária, posteriormente, Convenção Batista Capixaba. Situação que perdurou até meados da década de 60, quando as lideranças das duas Convenções ajustaram a forma de reunificação. Em determinado dia, as duas Convenções se reuniram separadamente e se dissolveram e, no mesmo dia, todos juntos organizavam a Convenção Batista do Estado do Espírito Santo.

OS COLÉGIOS AMERICANOS


Ainda em 1882, os missionários norteamericanos escreveram para a Junta de Richmond informando a situação do país, principalmente nas questões religiosa e educacional. Solicitaram o envio de missionários que pudessem suprir essas duas áreas. Quando Loren Reno chegou, em 1904, tanto ele quanto sua esposa, Alice, preenchiam esses requisitos. Instalado em Vitória, Loren Reno ou Mr. Reno, como passou a ser chamado pelo povo, viu as nossas carências e, também, pôde testemunhar que a discriminação religiosa causava um fosso que dificultava aos evangélicos e seus filhos o acesso à educação. Havia, também, o impedimento ao sepultamento no cemitério local, que era administrado pela igreja Católica.

A fundação de escolas, com abertura para todos, evangélicos ou não, e, também, com qualidade, seria a porta para a aceitação dos evangélicos pela sociedade. Essa era a visão dos missionários, que se mostrou correta. De fato, em cada lugar onde era organizada uma igreja eles procuravam, também, abrir uma escola.

A primeira sala de aula foi na casa do missionário Reno, em 1907, sendo o embrião do Colégio Americano Batista de Vitória. Em seguida, foram fundadas escolas em Rio Novo do Sul, Vila de Itapemirim, Natividade (hoje Aimorés), Alegre, Castelo, Cachoeiro de Itapemirim e Ipanema de Minas. Havia, principalmente no interior, carência de professores. Para atender a essa necessidade, o missionário Reno preparava e remanejava professores do Colégio Americano Batista de Vitória, que enviava para o interior do Estado e de Minas Gerais. Mais tarde, os alunos podiam ser transferidos para Colégios em Vitória, que tinha internato, para prosseguirem em seus estudos.

Quando a Primeira Igreja Batista de Vitória construiu o seu primeiro templo em Vitória, aquele que ficou conhecido como o “Templo da Torrinha”, na rua General Osório, o Colégio passou a funcionar em suas salas, durante a semana. Posteriormente, foi adquirida a chácara na qual o Colégio se instalou em sede própria. A Primeira Igreja Batistas de Vitória, durante a semana, tinha reuniões nos lares, tanto em Argolas quanto em Vitória nos bairros adjacentes à igreja. Na residência do diácono Estanislau Lemos, Loren Reno organizou a Escola Bíblica Dominical.

PERSEGUIÇÃO

Na época, era intensa a perseguição. Ainda no templo em Argolas, a saudosa irmã Hilda Brito, criança, assim descreveu um desses momentos: “O culto na pequena casa de Argolas começou sem embaraços. Diversas pessoas permaneciam do lado de fora ouvindo como sempre, os cânticos, orações e Pregação do Evangelho. Assim se processava o culto quando se ouviu uma pedrada forte no telhado de zinco e ouras se ouviram com mais violência, e gritos ecoavam juntamente com bombas, cascalhos e pedaços de paus enquanto diziam em altos brados: vamos acabar com esses hereges, capetas, excomungados, malditos do inferno! Nós éramos acalmados e controlados pelo casal Reno. As crianças se agarravam aos pais, amedrontadas. Nessa hora agarrei-me as pernas de Reno que era o que estava mais próximo de mim. Um jovem chamado Marcelo, era o cérebro que arquitetava e dirigia as perseguições aos crentes no local. Passado um tempo, houve uma pausa na gritaria e os crentes começaram a se preparar para retornarem a seus lares. O casal Reno dirigiu-se ao cais onde embarcaria num bote, único meio de atravessar o mar para Vitória. Nesse instante, gritos vindos do lado da igreja davam conta de que Marcelo, justo o Marcelo, fora picado por uma cobra venenosa. Tomando conhecimento do fato, Reno voltou ao morro, colocou Marcelo sobre seus ombros e o levou até a Santa Casa de Misericórdia onde foi medicado a tempo. Assim se repetia a cena do Bom Samaritano. A atitude do missionário teve grande repercussão entre os inimigos do Evangelho, pois viram que o missionário Reno era alguém providencial na hora da necessidade”.

Adaptando-se, ainda, à nova cultura, D. Alice e Lorem foram impactados por duas realidades que eles não haviam experimentados em sua pátria. Primeiro a discriminação que os evangélicos e indigentes sofriam na morte. As pessoas católicas ou influentes eram enterradas em suas igrejas ou nos cemitérios que existiam anexos às igrejas ou administrados por elas. O cemitério onde eram permitidos os sepultamentos de evangélicos, servia, também, para sepultar os mendigos e as vítimas de doenças infectocontagiosas. Os ossos ficavam expostos, amontoados em barris e, com frequência, por estar em uma encosta, a chuva carregava o barro que cobria a sepultura, expondo os corpos, que eram sepultados sem o caixão. E quando havia esse era confeccionado pela própria família enlutada. Loren Reno assistindo, pesaroso, a um destes funerais. Logo intercedeu junto às autoridades a fim de conseguir um lugar decente. Depois de muita luta e insistência, passados onze meses, o município doou um lote de 100x100 metros.

OBRA SOCIAL DA CONVENÇÃO


O início dos batistas em nosso Estado, também é marcado pela obra social. O objetivo maior eram as almas perdidas, porém não era possível falar do amor de Deus sem demonstra-lo na prática, socorrendo os aflitos e necessitados. Os colégios cumpriram, em parte, essa missão, ao abrigar alunos carentes, dando-lhes abrigo, no caso do internato, alimentação e estudo.

Loren Reno foi adiante. Em 1919, organizou um grupo de cinco enfermeiras que, além de evangelizar, visitava os lares, de crentes ou não, fornecendo ajuda profissional dentro de suas áreas, recomendando tratamento, aplicando injeções, fazendo curativos, ministrando conselhos de higiene pessoal e saúde e encaminhando a médicos, quando necessário.

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